Explorando a Carga Alostática e os seus Biomarcadores Disponíveis

  • Por ArgosLab
  • 20 fev., 2024
 O estresse, como resposta natural do corpo a situações desafiadoras, é essencial para a nossa sobrevivência. No entanto, quando se torna crônico, pode levar ao desgaste e desequilíbrio dos sistemas fisiológicos, impactando negativamente a saúde. Essa sobrecarga é conhecida como carga alostática, um conceito crucial para entender os efeitos do estresse a longo prazo.
 Neste artigo, exploraremos a carga alostática, seus principais biomarcadores e como eles podem ser utilizados para avaliar o impacto do estresse na saúde.

O que é Carga Alostática?

 A carga alostática representa o custo cumulativo das adaptações do organismo a estressores físicos, emocionais e ambientais. Em outras palavras, é a quantidade de energia necessária para o corpo manter o equilíbrio em face de diversos desafios. Quando essa carga se torna cronicamente elevada, pode levar a uma série de problemas de saúde, como distúrbios cardiovasculares, metabólicos e psicológicos.

 Bruce McEwen, popularizou a palavra “alostase” para designar a tentativa do corpo de manter um equilíbrio interno diante de circunstâncias instáveis. A palavra combina os gregos állos (variável) e stásis (estase ou paralização) que juntas produzem algo como “permanecer estático em meio à mudança”. Não podemos prescindir disso e nosso corpo fará um grande esforço para manter esse estado, a ponto de causar desgaste a longo prazo se os estresses não cederem.

 

Biomarcadores associados à uma alta Carga Alostática

 Este desgaste nos mecanismos regulatórios do corpo, que McEwen chama de “carga alostática”, causam uma liberação excessiva e prolongada de, principalmente, Adrenalina (neurotransmissor catecolaminérgico) e o hormônio Cortisol (indicador de exaustão do eixo HPA- Hipotalamo-Pituitária-Adrenal). Esses efeitos fisiológicos no corpo podem causar transtornos mentais, doenças autoimunes e a exaustão do próprio aparato do estresse conectados aos centros emocionais do nosso cérebro e fisiológicos de nosso corpo.

Alguns parâmetros que podem ser utilizados para mensurar a carga alostática:


·        Biomarcadores Primários - Correlação imediata com a Função Adrenal:

1.      Cortisol

Conhecido como o hormônio do estresse, o cortisol é liberado pelas glândulas suprarrenais em resposta ao estímulo do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Níveis elevados de cortisol são frequentemente associados a uma carga alostática crônica relacionada à exaustão do eixo HPA.

 - Produtos disponíveis: Teste Rápido Quantitativo ou ELISA (soro, plasma, urina ou saliva)


2.      Desidroepiandrosterona (DHEA)

DHEA é frequentemente considerado um hormônio antiestresse devido à sua capacidade de modular a resposta do corpo ao estresse. Ele atua como um antagonista do cortisol, o hormônio do estresse, ajudando a equilibrar os efeitos negativos do cortisol sobre o corpo;

 - Produtos disponíveis: ELISA (soro, plasma ou saliva)


3.      Adrenalina (Epinefrina) e Noradrenalina (Norepinefrina)

Esses hormônios, que também são considerados neurotransmissores, são liberados quando há estímulo no sistema nervoso simpático em resposta ao estresse agudo. Em situações de estresse prolongado, a liberação contínua desses hormônios pode contribuir para a carga alostática.

  - Produtos disponíveis: ELISA (plasma, urina ou dried urine spot)


·        Biomarcadores Secundários:

1.      BNDF - Fator Neurotrófico derivado do cérebro

O BDNF desempenha um papel crucial na saúde cerebral e na regulação do humor. A carga alostática crônica pode influenciar negativamente os níveis de BDNF, uma vez que o estresse prolongado tem sido associado a alterações no sistema nervoso central, afetando a neuroplasticidade e a função cognitiva.

2.       Colesterol

A carga alostática pode afetar os níveis de colesterol de várias maneiras. O estresse crônico pode contribuir para mudanças nos hábitos alimentares, aumentar a produção de colesterol pelas glândulas suprarrenais e afetar negativamente o perfil lipídico, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.

- Produtos disponíveis: Teste Rápido Quantitativo de Perfil Lipídico


3.       Hemoglobina Glicada (HbA1c)

A relação entre carga alostática e HbA1c está relacionada ao estresse crônico e seus efeitos sobre o metabolismo. O estresse prolongado pode influenciar a regulação glicêmica, levando a alterações nos níveis de glicose no sangue ao longo do tempo, refletindo-se na HbA1c.

 - Produtos disponíveis: Teste Rápido Quantitativo de HbA1c


4.      Proteína C Reativa (PCR) e Interleucina 6 (IL-6) – Biomarcadores de Inflamação

A carga alostática, especialmente quando associada a estresse crônico, pode desencadear respostas inflamatórias persistentes, elevando os níveis de PCR e IL-6, e indicando um estado inflamatório sistêmico.

 - Produtos disponíveis: Teste Rápido Quantitativo de PCR Ultrassensível  e de Interleucina 6, Interleucina 6 ELISA, e PCR Ultrassensível ELISA em Dried Blood Spot


5.       Insulina

A resposta ao estresse pode influenciar a sensibilidade à insulina, contribuindo para desregulações metabólicas em situações de carga alostática.

 - Produtos disponíveis: Teste Rápido Quantitativo e ELISA


6.       Dopamina

A dopamina é um neurotransmissor envolvido na regulação do prazer, motivação e recompensa. Níveis desregulados podem influenciar a resposta ao estresse.

 - Produtos disponíveis: ELISA (plasma, urina ou dried urine spot)


7.       GABA (Ácido gama-aminobutírico)

GABA é um neurotransmissor inibitório que desempenha um papel importante na redução da atividade neural. Alterações nos níveis de GABA podem afetar a resposta ao estresse e a regulação emocional.

- Produtos disponíveis: ELISA (plasma, soro, urina ou dried urine spot)


8.       Glutamato

Enquanto o GABA é inibitório, o glutamato é excitatório. Níveis alterados de glutamato podem estar associados a respostas exacerbadas ao estresse.

 - Produtos disponíveis: ELISA (plasma, soro, urina ou dried urine spot)


Parâmetros Auxiliares:

  • Aferição da pressão arterial sistólica e diastólica
O estresse crônico pode contribuir para a hipertensão arterial, resultando em aumento da pressão arterial sistólica e diastólica. A carga alostática contínua pode desencadear desregulações no sistema cardiovascular, impactando diretamente a pressão arterial.
  • Índice de massa corporal (IMC)
O estresse crônico pode influenciar o peso corporal através de alterações nos hábitos alimentares e na regulação hormonal. A carga alostática pode contribuir para desequilíbrios no IMC, sendo associada tanto ao ganho quanto à perda de peso, dependendo das respostas individuais.
  • Relação cintura-quadril.
A carga alostática pode estar relacionada a mudanças na distribuição de gordura corporal. O acúmulo de gordura abdominal, indicado por uma maior relação cintura-quadril, pode ser influenciado pelo estresse crônico, afetando a saúde metabólica.

 

Situações que podem levar ao aumento de Carga Alóstatica

  • Exposição a estressores frequentes que pode determinar um estado de estresse crônico e repetir excitação fisiológica aumentada;
  • Falta de adaptação aos estressores;
  • Incapacidade de desligar a resposta ao estresse após o término de um estressor;
  • Resposta alostática não suficiente para lidar com o estressor.

   Em resposta às exigências ambientais, diferentes sistemas fisiológicos interagem em vários graus de atividades. Os sistemas neuroendócrino e imunológico reagem aos desafios internos ou externos e promover adaptação as ameaças ou adversidades.

 A carga alostática reflete o efeito acumulativo de experiências da vida diária que envolvem os eventos cotidianos (situações de vida sutis e duradouras) bem como os grandes desafios (eventos de vida), e inclui as consequências fisiológicas da saúde resultante de comportamentos prejudiciais, como sono insatisfatório e ruptura das doenças circadianas, falta de exercício, tabagismo, consumo de álcool e dieta pouco saudável. Quando os desafios ambientais excederem a capacidade individual de lidar com a situação, então a carga alostática segue como uma transição para um estado extremo onde sistemas de resposta ao estresse são repetidamente ativados e fatores padrões de equilíbrio não são adequados.

 

Conclusão

 A relação entre carga alostática e biomarcadores destaca a interconexão complexa entre estresse crônico e saúde. Esses biomarcadores refletem as respostas adaptativas do corpo a uma carga alostática persistente, proporcionando insights importantes para a compreensão dos impactos do estresse prolongado na saúde geral.

 Gerenciar a carga alostática pode ser fundamental para preservar a saúde e prevenir condições associadas ao estresse crônico. Estratégias como a adoção de estilos de vida saudáveis, práticas de redução de estresse e apoio psicossocial podem desempenhar um papel crucial na mitigação desses efeitos.


Referências

MacEwen, S. Bruce- The End of Stress as we know it – Dana Press – New York – 2002

Maté, Gabor- O mito do Normal- Trauma, saúde e cura em mundo doente – Editora Sextante – 2023

Allostatic Load and Its Impact on Health: A Systematic Review - Jenny Guidi, Marcella Lucente, Nicoletta Sonino , Giovanni A. Fava - Psychother Psychosom 2021;90:11–27 DOI: 10.1159/000510696



Por ArgosLab® 7 de maio de 2025
ArgosLab® estará presentes nos seguintes Congressos Internacionais:

EUROMEDLAB - Brussels 2025 - 18 a 22 de Maio de 2025 -Bruxelas, Bélgica;

ADLM - 27 a 31 de Julho de 2025 - Chicago, Illinois;

MEDICA - 17 a 20 de Novembro de 2025 - Dusseldorf, Alemanha.
Por ArgosLab® 6 de maio de 2025
Oncostatina M(OSM)

Citoquina da família IL-6, a Oncostatina M está diretamente envolvida em processos inflamatórios e na modulação da resposta imune, com papel relevante em doenças intestinais crônicas.

Este teste permite a quantificação precisa de OSM, sendo indicado para:
  • Identificação de atividade inflamatória intestinal persistente, mesmo em pacientes já em tratamento
  • Avaliação do risco de falha primária ao tratamento com anti-TNFα, especialmente em quadros de colite ulcerativa e doença de Crohn
  • Monitoramento longitudinal da resposta terapêutica, contribuindo para ajustes precoces na conduta clínica
  • Estratificação de pacientes por prognóstico, auxiliando na seleção de terapias mais adequadas a perfis inflamatórios específicos

Por ArgosLab® 6 de maio de 2025
Highlights do Podcast:

  • Vetor de inovação e de acesso a produtos de qualidade;

  • Profundo know-know regulatório nacional e internacional;

  • Conhecimento das cadeias de suprimento globais e logística internacional;

  • Capilaridade de Distribuição: Cobertura Nacional;

  • Portfólio: Mais de 1.200 produtos registrados na ANVISA.

Por ArgosLab® 31 de março de 2025
A crescente preocupação com fatores psicossociais e neurobiológicos no ambiente de trabalho impulsiona novas abordagens dentro do escopo da Norma Regulamentadora NR-01, que exige a identificação, avaliação e controle de riscos psicossociais e neurofuncionais associados às condições laborais.
Dentro desse contexto, o  DBS® Saúde Mental, desenvolvido pela LabRx , oferece uma solução inovadora: a dosagem laboratorial de L-quinurenina em amostras de sangue coletadas por punção capilar em papel de filtro (DBS – Dried Blood Spot) , com foco em profissionais de saúde mental que atuam no B2B com empresas .
Por ArgosLab® 31 de março de 2025
O DBS® Saúde Mental é um exame laboratorial de dosagem de quinurenina no sangue, realizado por meio de amostra de gotas de sangue (50 μL) colhidas em papel filtro através de punção capilar (Dried Blood Spot® - DBS). O teste é voltado para a avaliação de neuroinflamação associada a transtornos mentais como ansiedade, depressão, burnout e estresse crônico.

Seu uso se insere no contexto de prevenção e monitoramento de riscos psicossociais conforme previsto na Norma Regulamentadora nº 01 (NR 01) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Por ArgosLab® 19 de março de 2025

  •   Quantificação de anticorpos terapêuticos livres anti-TNF α (infliximabe)
  •   Auxílio na otimização da terapia anti-TNF α
  •   Identificação precoce da perda de resposta ao tratamento
  •   Personalização do ajuste terapêutico em doenças inflamatórias crônicas

Por ArgosLab® 18 de março de 2025

  •   Diagnóstico e prognóstico da DII (Doença de Crohn e colite ulcerativa).
  •   Predição de falha ao tratamento com anti-TNF α
  •   Monitoramento da atividade inflamatória intestinal
  •   Personalização do tratamento e ajuste terapêutico
  •   Avaliação da inflamação sistêmica em doenças reumáticas, metabólicas e cardiovasculares

Por ArgosLab® 24 de fevereiro de 2025
A ciência da saúde mental está evoluindo, e com ela surge uma nova abordagem baseada no equilíbrio neuroquímico como chave para o tratamento dos transtornos mentais. "NeuroStress®️: Tratamento dos Transtornos Mentais através da Homeostase dos Neurotransmissores" apresenta uma visão inovadora e integrativa, combinando avanços da neurociência com estratégias terapêuticas personalizadas.

O livro destaca a importância do monitoramento dos neurotransmissores na urina (NeuroStress®️) como uma ferramenta de precisão para o diagnóstico e acompanhamento dos transtornos mentais, permitindo intervenções mais eficazes e individualizadas. Além disso, discute a relação entre neurotransmissores e doenças como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia, TDAH e transtornos neurodegenerativos, analisando os impactos da neuroinflamação, do eixo intestino-cérebro e da regulação do eixo HPA.

Unindo farmacoterapia, fitoterapia, nutrição, neurosuplementação, psicoterapia, atividade física e modulação do sono, este livro propõe um tratamento multidisciplinar para restaurar a homeostase dos neurotransmissores, promovendo a saúde mental de forma mais segura, eficaz e sustentável. Ideal para profissionais da saúde e pesquisadores, NeuroStress®️ representa um marco na neurociência, trazendo uma abordagem baseada em evidências para um novo paradigma no cuidado com a mente.
Por ArgosLab® 4 de fevereiro de 2025
Venha nos visitar!

Estaremos presentes nos Congressos:
Por ArgosLab® 8 de janeiro de 2025
GFAP
Proteína Glial Fibrilar Ácida

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Chitinase-3-Like Protein 1
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