Dosagem de Neurotransmissores na Urina
com Coleta em Papel de Filtro

A dosagem de neurotransmissores na urina tem emergido como uma ferramenta potencial para o manejo clínico de pacientes com depressão e ansiedade.
Este método não invasivo pode fornecer insights sobre a atividade neurológica e o estado bioquímico dos pacientes, ajudando a orientar tratamentos personalizados.
A dosagem de neurotransmissores na urina pode ser extremamente útil no manejo clínico de pacientes com depressão e ansiedade, pois proporciona uma maior correlação com os níveis de neurotransmissores na fenda sináptica.
Diferentemente de outras metodologias, essa técnica reflete de maneira mais precisa as concentrações de neurotransmissores que efetivamente atravessam a barreira hematoencefálica e são metabolizados pelo corpo.
A coleta de urina em papel de filtro apresenta várias vantagens significativas em termos de coleta, transporte, armazenamento e facilidade para o laboratório.
Primeiramente, a coleta é simplificada e menos invasiva, facilitando a adesão dos pacientes, podendo ser feita pelo paciente na sua casa. O papel de filtro é leve e compacto, o que reduz custos e complexidade logística durante o transporte. Além disso, o armazenamento é mais eficiente, pois o papel de filtro ocupa menos espaço e pode ser armazenado em temperatura ambiente, evitando a necessidade de refrigeração
. Essa metodologia também permite uma análise precisa e eficiente, facilitando a extração e quantificação dos neurotransmissores presentes na urina.
Serotonina:
A serotonina é um neurotransmissor crucial na regulação do humor e está intimamente ligada aos sintomas de depressão e ansiedade. Estudos mostram que a concentração de serotonina na urina pode refletir estados de estresse e condições neuropsiquiátricas. Uma investigação recente demonstrou que pacientes com distúrbios depressivos apresentam alterações significativas nos níveis urinários de serotonina
, correlacionando com a gravidade dos sintomas (Tanabe & Yokota, 2023).
GABA (Ácido Gamma-Aminobutírico):
O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central e desempenha um papel vital na modulação da ansiedade. Pesquisas indicam que os níveis de GABA na urina podem ser usados para avaliar a função do sistema GABAérgico em pacientes depressivos. Estudos mostraram que pacientes com transtorno depressivo maior frequentemente apresentam níveis reduzidos de GABA
, o que pode ser identificado através da análise urinária (Price et al., 2009).
Glutamato:
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório e está envolvido em diversas funções cognitivas. Alterações nos níveis de glutamato estão associadas à depressão e à ansiedade.
A análise de glutamato na urina pode fornecer informações sobre o equilíbrio excitatório-inibitório no cérebro de pacientes com depressão (Salvadore et al., 2012).
Dopamina:
A dopamina é essencial para a regulação do prazer e da motivação, e suas disfunções estão implicadas na depressão. A análise dos níveis de dopamina urinária pode ajudar a identificar disfunções dopaminérgicas em pacientes depressivos
, oferecendo um biomarcador potencial para o ajuste terapêutico (Gevi et al., 2020).
Adrenalina e Noradrenalina:
A adrenalina e a noradrenalina são catecolaminas críticas na resposta ao estresse e estão frequentemente elevadas em condições de ansiedade.
A quantificação dessas catecolaminas na urina pode auxiliar na avaliação do sistema nervoso simpático e na identificação de desequilíbrios que contribuem para a ansiedade e a depressão. Estudos demonstraram que níveis elevados de noradrenalina urinária estão associados a sintomas de ansiedade e depressão
(Hughes et al., 2004).
Histamina:
A histamina, um neurotransmissor envolvido na resposta imune e na regulação do ciclo sono-vigília, também desempenha um papel na saúde mental. A dosagem de histamina urinária pode oferecer insights sobre o estado neuroinflamatório de pacientes com transtornos de humor.
- GEVI, F.; BELARDO, A.; ZOLLA, L. A metabolomics approach to investigate urine levels of neurotransmitters and related metabolites in autistic children. Biochimica et biophysica acta. Molecular basis of disease, 2020.
- HUGHES, J.; WATKINS, L.; BLUMENTHAL, J.; KUHN, C.; SHERWOOD, A. Depression and anxiety symptoms are related to increased 24-hour urinary norepinephrine excretion among healthy middle-aged women. Journal of psychosomatic research, v. 57, n. 4, p. 353-358, 2004.
- PRICE, R. et al. Amino Acid Neurotransmitters Assessed by Proton Magnetic Resonance Spectroscopy: Relationship to Treatment Resistance in Major Depressive Disorder. Biological Psychiatry, v. 65, p. 792-800, 2009.
- SALVADORE, G. et al. An investigation of amino-acid neurotransmitters as potential predictors of clinical improvement to ketamine in depression. The international journal of neuropsychopharmacology, v. 15, n. 8, p. 1063-1072, 2012.
- TANABE, K.; YOKOTA, A. Mental stress objective screening for workers using urinary neurotransmitters. PLOS ONE, v. 18, 2023.




